terça-feira, 22 de outubro de 2013

A militância profissionalizada

Em entrevista ao Jornal espanhol El Pais, publicada na edição do dia 20 de Outubro, e repercutida no dia seguinte pelo Correio do Povo, o Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao PT. Lula disse que parte do partido se distanciou das origens do PT e “valoriza muito” cargos públicos.

A recente crítica de Lula nos remete a um conflito real que todos os partidos brasileiros vivem, que é a “profissionalização da militância”. No período anterior e imediatamente posterior a ditadura a militância política era exercida quase que em sua totalidade por “idealistas”, pessoas que traziam consigo utopias e uma certa megalomania, que lhes fazia acreditar que poderiam “mudar o mundo”, no linguajar atual poderíamos dizer que quase todo o militante, principalmente de esquerda, era um “sonhático”.

O tempo passou e aos poucos a esquerda foi chegando ao poder e com ele a oportunidade de fazer a diferença, de colocar em prática tudo aquilo que era sonho e teoria. Infelizmente a realidade nos trouxe frustrações e também alguns efeitos colaterais. Um deles é a militância profissionalizada, que consiste, basicamente, de pessoas que ingressam nos partidos quando eles estão no poder, que vão, desde aqueles que faziam parte de outros partidos, que a medida que eles perdem o poder e outro assume, migram para o partido que está no poder, e assim sucessivamente, passando por aqueles que foram indicados para ocuparem alguma função em atendimento a um pedido de um parente ou amigo com “relações políticas”, que “ajudaram” na campanha. Existem também aqueles que são funcionários de carreira e que acabam simpatizando com o partido que está no governo e a ele acabam se filiando. São muitas as situações.


Isso quer dizer que essas pessoas não são bem vindas? Não! O problema não é esse, pois, muitas vezes essa é uma boa oportunidade de garimpar novos talentos, líderes natos que estavam a espera de uma oportunidade. O problema, é como os partidos lhe dão com esse militante, como eles são “ganhos” para a causa, como é passado o entendimento e a compreensão que, para os idealistas, o poder é passageiro, e em primeiro lugar está a fidelidade, a honra, a honestidade e o respeito aos valores e princípios que o levaram até aquela posição. Idealistas não estão nos governos para se perpetuarem no poder e para se locupletar. Estão lá para cumprir uma missão, e tão logo ela esteja concluída, deve-se partir para outra. Ter apego aos salários, ao poder, ao conforto e as facilidades é algo comum entre as pessoas e isso faz com que se esqueçam dos seus reais objetivos.

Na entrevista, Lula deixa claro essa preocupação quando diz: “... gente que valoriza demais o parlamento, outros que valorizam os cargos públicos...” para ele, “as pessoas tendem a esquecer os tempos difíceis em que para nós era bonito carregar pedras. Acreditávamos, era maravilhoso. Um grupo mais ideológico, a gente trabalhava de graça, de manhã, de tarde, de noite. Agora, você vai fazer uma campanha e todo mundo quer cobrar. Não quero voltar ás origens, mas o que eu gostaria é que não esquecêssemos para que fomos criados”.

É preciso que todos os partidos saibam lidar com isso, Que não se afastem de seus princípios e ideais. Quando se deixa levar pelo objetivo de garantir “espaço” para seus militantes, os partidos se desviam de seus princípios ideológicos e viram “produtos” em prateleiras, a espera de alguém que lhes ofereça o “melhor preço”, e isso cria anomalias como a “supervalorização” de parlamentares e do poder.


Lula crítica supervalorização do parlamento. Eu tenho certo descontentamento com a supervalorização e com postura de alguns parlamentares. Embora sejam fundamentais, eles não são todo o partido. Nenhum partido vive de parlamentares e seus CCs, é preciso ter militantes, dirigentes, pessoas comprometidas com o ideário partidário e coletivo, pois o vinculo com o parlamentar, tende a se transformar em uma relação personalista que leva, muitas vezes, o interesse de manutenção do mandato, e consequentemente dos “cargos”, uma prioridade acima do interesse coletivo do partido. É muito comum que alguns parlamentares utilizem-se do fato de “ter votos” para auferirem vantagens perante os outros militantes partidários, o que muitas vezes desvaloriza o papel do “dirigente partidário” e impede o desenvolvimento de novas lideranças.

Infelizmente, são poucos os parlamentares “altruístas” que compreendem que “mesmo sem mandato” o dirigente partidário tem um papel fundamental na organização partidária, no garimpo de novas lideranças, no contato com a população e com os demais partidos, e que, partido de verdade valoriza e investe na formação de “quadros”.  Disputar eleições não é o único objetivo da existência de um partido político.

É hora dos partidos repensarem seus objetivos de futuro, e ousarem na busca de um novo modelo político e partidário, mais próximo da ideologia e da coletividade, menos individualista. Crer que pode ser feito diferente é fundamental para que os paradigmas e os “vícios” sejam quebrados. Eu quero mais e melhor!


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Só da Eduardo Campos e Marina Silva!


O Assunto do momento é a filiação de Marina Silva ao PSB, e o seu apoio a candidatura de Eduardo Campos. No meio político não se fala em outra coisa, ainda mais após a divulgação da nova pesquisa do Data Folha que aponta crescimento dos dois, principalmente de Eduardo Campos que chegou aos 15%, seu melhor desempenho até agora, que em pesquisas anteriores não passavam dos 8%. A união do PSB e REDE está dando o que falar como mostra o Blog Hall Socialhttp://hallsocial.leiaja.com/post/2013/agora-e-nossa-vez) reproduzido abaixo:
       

    "Agora é a nossa Vez"
  Por Daliana Martins No dia 14/10/2013 - 11:15



Será, hein, que teve repercussão a aliança da ex senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, anunciada no sábado (5)? A formação da chapa do PSB rumo a campanha presidencial de 2014 dominou as capas das principais revistas semanais, e com direito a entrevistas em todas elas. Veja, IstoÉ, Carta Capital, Exame e Época entre as que estamparam 'a nova oposição', como destacou a Exame. Se era exposição midiática o que eles queriam, taí!